Aneel já proibiu corte de energia de inadimplentes. Na foto, linhas de transmissão de energia elétrica em São Paulo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
BRASÍLIA — O governo federal avalia isentar a conta de luz de consumidores de baixa renda, por conta dos impactos econômicos causados pelo avanço do novo coronavírus. A medida seria válida por três meses, segundo fontes.A medida teria um custo de R$ 350 milhões por mês. Em três meses, o impacto ficaria próximo a R$ 1 bilhão.
Ainda não está decidido se esse valor será pago pelo Tesouro Nacional ou embutido nas contas de luz dos demais consumidores de energia.
Atualmente, a tarifa social é paga pelos demais consumidores por meio das contas de luz.
A tarifa social hoje funciona de forma escalonada. O programa Tarifa Social funciona de forma escalonada. O desconto sobre a tarifa de cada distribuidora de energia varia conforme o nível de consumo da residência: 65% de desconto para consumo de até 30 kWh por mês, 40% (31-100 kWh) e 10% (101-220 kWh).
O governo discute agora subir o desconto para 100% da conta de luz de as faixas durante três meses.
Para ter direito ao benefício, o consumidor deve estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico) e ter renda familiar mensal per capita menor ou igual a meio salário mínimo (R$ 522,50).
Também têm direito idosos com 65 anos ou mais ou pessoas com deficiência, que recebam o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) proibiu o corte no fornecimento de inadimplentes num prazo de 90 dias.
Distribuidoras de energia no Rio, Light e Enel não quiseram se pronunciar sobre medidas do governo de socorro ao setor.
Distribuidoras esperam apoio
A perspectiva de uma forte redução em suas receitas por conta da queda do consumo de energia elétrica, principalmente pelos setores industrial e comercial, e o possível aumento da inadimplência por causa da crise do coronavírus já preocupa as empresas do setor. Representantes de companhias de energia iniciaram conversas com o governo federal sobre possíveis alternativas de socorro financeiro a distribuidoras, como a criação de uma linha de crédito emergencial.
Alexei Macorin Vivan, diretor-presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), que reúne empresas de geração, transmissão e distribuição do país, diz que a queda do consumo de energia no setor industrial até agora está entre 40% e 50%, mas há alguns casos de queda de até 70% na demanda de empresas.